Muitas pessoas não sabem, mas na Psicologia existem diversos tipos de terapias, ou abordagens como costumamos dizer. Uma abordagem terapêutica é uma linha de conhecimento escolhida pelo profissional para atuar em sua clínica.

Hoje, quero trazer para você informações sobre as diferenças entre terapias baseadas na fala e as terapias baseadas no cérebro. De antemão, já aviso que minha especialidade é a terapia baseada no cérebro porque acredito no poder de autocura desse órgão maravilhoso que comanda nosso corpo.

Isso não quer dizer que esta seja a terapia ideal para você ou que seja a única que funciona. Cada pessoa se adapta melhor com um tipo de terapia e está tudo bem, o importante é alcançar resultados positivos.

Então vem comigo, porque hoje vou te contar tudo sobre esses dois tipos de terapias:  terapias baseadas na fala e terapias baseadas no cérebro.

A terapia baseada na fala

Este é o tipo mais conhecido de terapia. Nesta modalidade, durante uma sessão, o terapeuta vai escutar o que a pessoa tem a dizer. O cliente vai contar suas experiências e pensamentos livremente e o terapeuta fará inferências pontuais em determinados momentos. 

Ao longo das sessões, notamos que o cliente vai elaborando cada vez mais suas questões. Desse modo, aos poucos, ele vai entendendo sua participação nos eventos que vive e também a participação de outras pessoas que o cercam.

Uma imagem clássica desse tipo de terapia é aquela em que a pessoa está deitada num divã enquanto seu terapeuta está sentado ao lado escutando o cliente.

A terapia baseada no cérebro

Já esse tipo de terapia se utiliza da fisiologia do corpo, ou seja, lança mão da capacidade do cérebro de processar acontecimentos. Normalmente, o terapeuta precisa “acionar” o cérebro de alguma forma, muitas vezes com a posição ocular ou estímulos táteis.

Ao abordar o tema a ser trabalhado e “acionar” o cérebro, este é capaz de reprocessar memórias de acontecimentos do passado. Parece mágica, e eu acredito que é quase isso mesmo, mas a verdade é que como todo o nosso corpo, o cérebro também é capaz de se auto regenerar, como quando a gente corta o dedo e dias depois este corte está cicatrizado.

Diferenças entre os dois tipos de terapias

É claro que a fala está presente em ambos os tipos de terapias aqui abordados, afinal de contas é preciso ter um contato mínimo com o terapeuta. Mas basicamente, na terapia baseada na fala, o cliente traz uma questão e discorre a respeito do assunto ao longo da sessão, muitas vezes levando mais do que uma sessão para resolver o problema.

Já durante uma sessão de terapia baseada no cérebro, o cliente expõe o tema a ser trabalhado, mas não necessariamente precisa descrever em detalhes. O terapeuta apenas o estimula a pensar no assunto, “acessa” o cérebro do cliente e o reprocessamento de memórias se inicia. Assim como na terapia baseada na fala, muitas vezes é preciso mais de uma sessão para esgotar o assunto.

Outro ponto importante a se observar é que, no caso da terapia baseada na fala, o tempo de ação costuma ser maior que na terapia baseada no cérebro por uma questão simples. No primeiro caso, o cliente vai resolvendo suas questões com a ajuda do terapeuta à medida que vai revisitando situações de sua vida. Já no segundo caso, o próprio cérebro da pessoa vai solucionando as questões e rearranjando as ideias, como num quebra cabeças.

Por isso, ao tratar de terapias baseadas no cérebro, costumamos dizer que são terapias que se utilizam da capacidade fisiológica deste órgão para resolver questões psicológicas.

Exemplos de tipos de terapias

A terapia baseada na fala tem uma infinidade de abordagens. Podemos citar a Psicanálise e o Psicodrama. Cada uma dessas vai tratar das questões do cliente estimulando sua expressão verbal.

No caso da terapia baseada no cérebro, gosto de citar duas que utilizo na clínica e já trouxe por aqui algumas vezes: o EMDR e o Brainspotting. No EMDR é possível utilizar movimentos oculares ou estímulos táteis para acessar o cérebro do cliente. Já no Brainspotting isso é feito através da posição ocular, ou seja, para onde o cliente olha.

Qual tipo de terapia escolher?

Na verdade, não há uma “receita de bolo”. Cada pessoa pode se sentir confortável com um tipo específico de terapia. Muitos gostam de falar a respeito de seus problemas porque, assim, elaboram melhor suas questões e assim chegam a soluções.

Muitos, que já conhecem as terapias baseadas no cérebro, relatam que as situações são resolvidas de uma forma que não conseguem explicar. Isso é natural porque o cérebro faz rearranjos em suas conexões neurais ressignificando acontecimentos muitas vezes traumáticos.

Normalmente, as pessoas têm mais acesso às terapias baseadas na fala, pois são mais difundidas. Se você ainda não conhece as terapias baseadas no cérebro, eu sugiro procurar um terapeuta que trabalhe com uma dessas abordagens para entender o funcionamento e avaliar se é a mais indicada para você.

Independente de escolher a terapia baseada na fala ou a terapia baseada no cérebro, recomendo fortemente que você faça terapia. Muitas vezes não conseguimos elaborar nossas questões de forma apropriada sozinhos e ter o apoio de um profissional pode ser um alívio.