
Talvez você já tenha ouvido falar do EMDR e do Brainspotting, ou até lido algo sobre como essas terapias funcionam. Mas uma dúvida comum — e totalmente legítima — é: existe comprovação científica? A Psicologia realmente reconhece essas abordagens como eficazes?
Esse é o tema deste último texto da série. E a resposta é: sim, a ciência tem olhado com muito interesse (e bons resultados) para essas abordagens terapêuticas.
EMDR: reconhecido mundialmente
O EMDR, criado por Francine Shapiro nos anos 1980, é hoje uma das abordagens mais bem documentadas para o tratamento de traumas e transtornos relacionados. Diversos estudos clínicos controlados confirmam sua eficácia — especialmente em casos de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT).
Entre os reconhecimentos mais importantes:
- Organização Mundial da Saúde (OMS)
- Associação Americana de Psiquiatria (APA)
- Departamento de Defesa dos Estados Unidos
Essas instituições consideram o EMDR uma terapia de primeira linha para o tratamento de traumas. A técnica tem sido aplicada com sucesso também em casos de ansiedade, depressão, fobias, luto e situações de alta carga emocional.
Além dos resultados clínicos, estudos de neuroimagem mostram alterações em áreas do cérebro ligadas à memória e ao processamento emocional após sessões de EMDR — o que reforça a ideia de reprocessamento real da informação.
Brainspotting: evidências crescentes
O Brainspotting é uma abordagem mais recente, criada por David Grand em 2003, e que vem sendo amplamente utilizada por psicólogos em mais de 30 países. Embora ainda esteja em fase de ampliação de estudos controlados, os resultados clínicos e relatos de pacientes e terapeutas têm chamado a atenção da comunidade científica.
O que já se sabe:
- Estudos preliminares mostram melhora significativa em sintomas de ansiedade, traumas e desempenho esportivo
- Pesquisas apontam que o Brainspotting ativa circuitos cerebrais semelhantes aos do EMDR
- Profissionais da saúde mental relatam benefícios especialmente em casos complexos ou com verbalização difícil
O diferencial do Brainspotting está na sua abordagem corpo-cérebro, acessando memórias por meio da posição ocular e da atenção sustentada — algo que a neurociência já reconhece como porta de entrada para o processamento de traumas.
Avanços e tendências
Nos últimos anos, a ciência tem reforçado que falar sobre um trauma não é suficiente para curá-lo. O corpo e o cérebro guardam marcas que não são acessadas só pela linguagem — e é aí que entram terapias como EMDR e Brainspotting.
Estudos em andamento investigam:
- A eficácia dessas abordagens no tratamento de dor crônica
- Sua aplicação em distúrbios alimentares
- Resultados em populações mais vulneráveis (como refugiados, sobreviventes de violência, comunidades afetadas por desastres)
Ao mesmo tempo, cresce o número de publicações acadêmicas, formações reconhecidas e inserção dessas práticas em políticas públicas de saúde em alguns países.
Por que saber disso importa?
Porque informação também acolhe. Saber que há ciência por trás de abordagens terapêuticas traz segurança para quem está em busca de ajuda — e também para quem já está em processo, mas ainda tem dúvidas sobre o caminho que escolheu.
EMDR e Brainspotting não são milagres. São ferramentas bem construídas, aplicadas com ética, cuidado e respaldo. Quando praticadas com responsabilidade, elas podem abrir caminhos profundos de transformação.