Há silêncios que incomodam.
Mas há silêncios que cuidam.

Nem sempre é preciso dizer algo.
Nem sempre o melhor que temos a oferecer ao outro é uma resposta, uma solução ou um conselho.
Às vezes, o que mais cura é simplesmente estar ali.
Presente. Atento. Em silêncio.

O silêncio entre duas pessoas

Na terapia (e na vida) eu vejo o poder que existe em sustentar uma pausa sem pressa.
É bonito quando alguém se emociona e não precisa preencher o espaço com palavras.
É bonito quando o silêncio não vira constrangimento, mas uma forma de dizer: “eu estou aqui com você, mesmo sem saber o que dizer”.

Já vivi muitas cenas assim no consultório.
Momentos em que tudo o que havia era um olhar, um suspiro, um tempo suspenso entre uma dor que foi dita e um alívio que começou a surgir.

E esses momentos… são profundamente terapêuticos.
Porque o silêncio que cuida não é vazio — é presença inteira.

Por que nos sentimos desconfortáveis com o silêncio?

Talvez porque crescemos aprendendo que devemos “fazer alguma coisa” pelo outro.
Que temos que dizer algo inteligente, confortar, reagir rapidamente.
Mas o cuidado, muitas vezes, está em não interromper o sentir do outro com a nossa ansiedade de resolver.

Silêncio também é escuta.
Silêncio também é acolhimento.

O silêncio que escuta sem julgar

Pessoas em sofrimento não precisam de conselhos apressados.
Precisam de um espaço onde possam existir, mesmo quando ainda não sabem como explicar o que estão sentindo.

E às vezes, a coisa mais poderosa que se pode fazer por alguém é estar ali…
… sem falar.
… sem apressar.
… sem invadir.

Experimente em casa:

Na sua próxima conversa com alguém querido, permita que o silêncio exista.
Não preencha todas as pausas.
Não responda de imediato.
Só esteja presente (com o corpo, com os olhos, com o coração).

Depois, observe:
👉 Como o outro reagiu?
👉 Como você se sentiu ao não apressar a troca?
👉 O silêncio foi desconfortável ou acolhedor?Se quiser, anote. Ou simplesmente sinta.
O silêncio pode ser uma linguagem das mais sensíveis.