Quando ouvimos falar em psicoterapia, muitas pessoas ainda pensam em um cenário clássico: o paciente deitado em um divã, conversando enquanto o terapeuta escuta em silêncio. Mas a psicologia, assim como a mente humana, é complexa, ampla e está em constante transformação. Duas abordagens terapêuticas que têm ganhado cada vez mais espaço nesse cenário são o EMDR e Brainspotting — terapias modernas, baseadas no funcionamento do cérebro, e que têm se mostrado eficazes no tratamento de traumas, ansiedade, fobias e diversas questões emocionais.

Mas, afinal, o que são essas terapias e por que elas têm despertado tanto interesse?

O que é EMDR?

O EMDR é a sigla para Eye Movement Desensitization and Reprocessing, ou, em português, Dessensibilização e Reprocessamento por Meio dos Movimentos Oculares. Essa abordagem foi desenvolvida nos anos 1980 pela psicóloga americana Francine Shapiro, e desde então vem sendo amplamente estudada e aplicada em diversos contextos clínicos.

O EMDR trabalha com a premissa de que muitas das nossas dores emocionais são causadas por experiências difíceis — memórias que ficaram “presas” e continuam nos afetando como se estivessem acontecendo no presente. Por meio de estímulos bilaterais (como movimentos oculares guiados, sons alternados ou toques suaves), o cérebro é estimulado a reprocessar essas memórias, acessando recursos internos de cura e reorganizando a experiência de forma mais segura.

E o que é Brainspotting?

O Brainspotting é uma abordagem mais recente, criada pelo psicoterapeuta David Grand em 2003. Ela se diferencia do EMDR em diversos aspectos. O Brainspotting parte do princípio de que há “pontos de acesso” no campo visual que estão diretamente conectados a conteúdos emocionais profundos armazenados no cérebro e no corpo.

Durante uma sessão, o terapeuta auxilia a pessoa a localizar um desses pontos — o brainspot — e, a partir dele, facilita o processamento de experiências difíceis que nem sempre são acessadas pela fala. É uma terapia que valoriza a experiência corporal e respeita profundamente o tempo e os limites do paciente.

EMDR e Brainspotting: semelhanças e diferenças

Ambas as abordagens têm como base a neurociência e o entendimento de que o corpo também guarda memórias. Elas se distanciam do modelo tradicional de terapia baseada apenas na conversa, e oferecem recursos para acessar conteúdos profundos de maneira segura e respeitosa.

No entanto, enquanto o EMDR segue um protocolo estruturado, com etapas bem definidas, o Brainspotting é mais flexível, intuitivo e centrado na experiência somática. O EMDR costuma ser indicado quando há clareza sobre o que precisa ser reprocessado; já o Brainspotting pode ser especialmente útil quando as dores são mais difusas ou difíceis de nomear.

Por que isso importa?

Conhecer essas abordagens é importante porque amplia a possibilidade de escolha de quem busca ajuda. Nem todo mundo se sente confortável apenas com a fala — e nem toda dor encontra palavras. O EMDR e o Brainspotting oferecem alternativas terapêuticas que respeitam o corpo, o tempo e a história de cada um.

No consultório, EMDR e Brainspotting têm possibilitado caminhos de transformação emocionais profundos, com resultados que vão além da compreensão intelectual: chegam ao corpo, ao alívio, ao reencontro com a segurança interna.

Se esse tema te tocou, continue acompanhando. No próximo texto, vamos falar sobre quem pode se beneficiar dessas terapias — e em quais situações elas podem fazer a diferença.

Saiba mais em:
Associação Brasileira de EMDR

Associação Brasileira de Brainspotting